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Colinense traduz documentário para TV ucraniana

Jovem, que mora há 4 anos no exterior, já conheceu diversos países e visitou os campos de concentração nazista na Polônia  

O que era para ser um intercâmbio de apenas seis meses transformou-se na maior experiência da vida do colinense João Pedro Cândido Martins, 25 anos, que foi aprovado no processo seletivo da faculdade para participar de intercâmbio em gestão de empresas em Portugal.

O jovem formado em logística, na época com 21 anos, saiu do Brasil em 2019 e nem imaginava que a pandemia mudaria seu destino. Alguns meses depois, com o fechamento das fronteiras, João Pedro não conseguiu retornar e o intercâmbio se estendeu por mais seis meses, período em que trabalhou na indústria têxtil e depois na área financeira.

“Costumo dizer que o destino conspirou ao meu favor e me ajudou na decisão de residir na Europa, onde já estou há quatro anos. Tenho adquirido bastante experiência na minha área de formação, conhecendo diversos países que nunca sequer imaginei, aprendendo novas culturas, línguas e hoje também domino fluentemente o inglês”, contou João Pedro que não tem endereço fixo. Ele ficou na Polônia por cinco meses e em março retornou para a Inglaterra e agora está em Portugal.

RESISTÊNCIA

A proximidade entre os países europeus deu à oportunidade do colinense conhecer a França, Itália, Hungria, Espanha, Polônia, República Tcheca e Eslováquia, dentre outros como à Grécia, Marrocos e Turquia. “Em março fiquei uma semana em Lviv e Kiev, cidade e capital da Ucrânia. Quando estive lá os russos bombardearam Kiev por duas vezes, mas os ucranianos destruíram 80% dos mísseis, evitando uma destruição maior. Mesmo com toda tensão, a cidade continua em pleno funcionamento com bares, restaurantes e casas noturnas em atividade. Na Polônia ouvi muitas histórias dos ucranianos, o que despertou o interesse em ver como esse povo está vivendo em meio à guerra. A Ucrânia é um país lindo, repleto de lugares históricos, comidas deliciosas e pessoas boas”.

O jovem colinense também foi convidado por um canal de TV ucraniana para fazer a dublagem de um documentário sobre um ano da guerra. “Mantive contato com uma influencer ucraniana pedindo dicas de locais para visitar e ela me disse que precisavam de um brasileiro para fazer a dublagem em português.  Eu aceitei e fui com ela à emissora para gravação do documentário. Com certeza foi uma experiência muito gratificante”,  relembrou.

CHOCANTE

No final do ano, o colinense visitou a rede de campos de concentração de Auschwitz, no sul da Polônia. O Terceiro Reich alemão e colaboracionistas exterminaram 6 milhões de pessoas, na grande parte judeus durante a Segunda Guerra Mundial, dentre estes 1,5 milhão de crianças. “A sensação de olhar os pertencentes originais das pessoas que morreram ali é muito ruim. O que mais me chocou foi o cabelo de milhares de mulheres que foram arrancados para fazer diversos tipos de produtos e peruca”.

Os campos de extermínio são a prova viva da crueldade que aconteceu e que algo semelhante jamais se repita. No museu de Auschwitz existe a frase: ‘Aqueles que não conseguem lembrar o passado, estão condenados a repeti-lo”.

“A vida fora do Brasil não é fácil como se imagina, além da saudade gigantesca da família e do inverno rigoroso, é preciso conviver em meio a hábitos e culturas totalmente diferentes dos seus. Demoramos um pouco para se acostumar”, salientou o colinense que atualmente estuda na área da tecnologia de informação e pretende conhecer os Emirados Árabes, Índia, Japão e China.

João Pedro morou em Colina até os 10 anos, quando os pais, o fotógrafo Renato Martins e a esposa Inês se mudaram com os filhos para Bebedouro.

O colinense João Pedro Martins com soldados ucranianos durante a visita que fez ao país, que há mais de um ano está em guerra com a Rússia.
Nestes anos fora do Brasil, João Pedro conheceu uma infinidade de lugares, principalmente na Inglaterra onde viveu.
Na passagem pela Ucrânia fez estes registros de um ponto turístico, dos tanques de guerra e da gravação do documentário na emissora de TV.
O inverno rigoroso é um desafio para os brasileiros, acostumados com sol e calor praticamente o ano todo.