Cadeia demanda serviço, tira a viatura da rua e deixa a cidade desguarnecida
Um grupo de pessoas, abaixo do esperado, participou na noite do último dia 7, no Lar Paroquial, de mais um encontro da Vizinhança Solidária que contou com a presença dos tutores dos grupos, representantes das Polícia Civil, Polícia Militar, Conseg – Conselho Comunitário de Segurança e moradores de vários bairros. A maioria dos vereadores também compareceu à reunião.
O objetivo foi a mobilização para discutir a segurança, principalmente após os furtos ocorridos em estabelecimentos comerciais e residências do centro, cometidos pelo mesmo autor, que foi preso na última terça-feira.
Na reunião foi acordado que o grupo da Vizinhança Solidária irá apresentar ofício à Secretaria de Segurança Pública questionando a permanência da cadeia em Colina, que está atrapalhando a segurança já que as polícias estão com efetivo reduzido. Outra providência será o pedido de mais policiais e o registro de ocorrências por parte da população, que é um dado estatístico.
DIFICULDADES PREJUDICAM TRABALHO
O delegado Gustavo Lopes abordou que as dificuldades prejudicam a Polícia Civil a desempenhar seu papel, que é a elucidação de crimes. “O autor que estava cometendo furtos não foi preso de imediato porque não é suficiente saber a identidade, temos que ter elementos para pedir a prisão e, consequentemente, o juiz decretá-la. Temos conhecimento de quem ele era, mas estávamos angariando elementos para subsidiar a prisão”, explicou Lopes.
Ele falou da aprovação na comissão do Senado do fim das saídas temporárias. “É preciso que se faça campanha para conscientizar que se aprove essa lei para acabar com esse benefício. No final do ano policiais foram executados por indivíduos que gozavam da saída temporária. A sociedade tem que cobrar e participar porque a segurança pública é um dever do Estado e responsabilidade de todos. Precisamos nos conscientizar para cobrar, não só da polícia, mas principalmente de quem tem a função ou atribuição de modificar as leis”.
DÉFICIT DE EFETIVO
A falta de efetivo foi outro ponto apontado pelo representante da Polícia Civil que tem sofrido com esse déficit. “A delegacia já chegou a ter três escrivães na época em que a população e o crime eram menores. Hoje praticamente não temos nenhum. Temos dois investigadores, na verdade um porque o outro exerce a função, para uma unidade que já teve cinco”, alertou o delegado.
ÔNUS RECAI PARA O MUNICÍPIO
Outro ponto abordado foi que a cidade sedia uma cadeia de trânsito que é responsável por custodiar presos em flagrante, mediante ordem judicial e outros casos de prisão que atende a Seccional de Barretos, composta por 11 municípios e também a Seccional de Bebedouro com mais 9, totalizando 20 cidades. Atualmente, dentro da Seccional de Barretos, só Colina conta com essa estrutura.
“Essa situação acaba demandando um efetivo considerável e ao mesmo tempo aquém do necessário. Quando há alguma demanda dos presos e os agentes da cadeia não tem condição de atender são acionados os policiais da delegacia. Se o preso reclamou de uma lesão o juiz determina um novo exame de corpo de delito. Os policiais da delegacia, sempre que necessário, levam ou a PM presta esse apoio, o que acaba tirando uma viatura da rua. O ônus recai para Colina”.
O delegado disse que essa demanda deveria ser levada à nível de Secretaria de Segurança Púbica. “A cadeia está submetida a um inquérito civil para ter melhorias na segurança. É válido o questionamento da Vizinhança Solidária e da sociedade para saber porque a cadeia está em Colina. Em contrapartida não há nenhum benefício em relação a efetivo e reforço na segurança”.
PM TAMBÉM TEM EFETIVO REDUZIDO
A PM também está com o efetivo reduzido há muito tempo. A Corporação trabalha com uma viatura 24 horas e sempre que possível com uma de reforço. “Algumas vezes conseguimos colocar outra de Atividade Dejem que é quando o policial de folga assume uma viatura no atendimento de ocorrência e patrulhamento preventivo. O município possui ainda Atividade Delegada realizada três vezes por semana, em dias alternados, para o patrulhamento rural”, explicou o sargento Hespanhol, comandante da PM colinense, que salientou: “A noite, nos finais de semana e feriados as ocorrências são apresentadas na Central de Flagrantes em Barretos (plantão) e nesse período o município fica desprotegido. Se há ocorrência no município a viatura de Jaborandi vem atender aqui”.
Ele disse que nas audiências de custódia determinadas pelo juiz para levar o preso para exame de corpo de delito tira-se a viatura do patrulhamento. “A viatura acaba acompanhando o preso e a cidade fica desguarnecida. Essa cadeia deveria estar na sede das Seccionais que possuem efetivos maiores, que comportaria prestar esse apoio aos detentos”. Sargento Hespanhol reforçou que é muito importante o registro das ocorrências para a reivindicação de efetivo.
CÂMERAS E CENTRAL DE MONITORAMENTO
O município está investindo na aquisição de câmeras e na instalação de uma central de monitoramento 24 horas com acesso restrito que irá funcionar anexo ao Ganha Tempo.
A informação foi repassada por Gilmarlos Pascon, responsável pelo Departamento de Trânsito. Ele também é membro do Conseg e esteve acompanhado na reunião pelo presidente Gilberto Gonçalves. O Conseg e a PM estiveram reunidos com o diretor do Detecta, sistema de monitoramento inteligente do governo estadual. O município possui convênio com o Detecta.
Ao todo serão 14 câmeras instaladas nas entradas e saídas da cidade interligadas ao Detecta, uma ferramenta que ajuda bastante à polícia. A central ainda terá mais cinco câmeras inteligentes com imagens de alta resolução e identificação das placas de veículos.
“Em caso de ocorrência de roubo de veículo, por exemplo, imediatamente é disparado alerta para nossa central e repassado à PM. O prazo de instalação das câmeras será o mais rápido possível e a previsão é que até março a central esteja em funcionamento. Cada um dos pontos terá duas câmeras, uma de identificação e outra de monitoramento”, explicou Pascon,
Os munícipes também poderão instalar o sistema em casa ou na rua para ser interligado à central, mas neste caso a instalação do equipamento é particular. As informações já foram repassadas também aos empresários e fazendeiros. Os comerciantes também podem adquirir câmeras de alta resolução, que identifiquem placas e ceder as imagens para a prefeitura através de convênio.
Essa é uma solução mais rápida e prática para expandir a quantidade de câmeras no município. Quanto mais câmeras forem instaladas maior será a probabilidade do município prestar um monitoramento com excelência. A cidade monitorada por câmeras se torna mais segura e os índices criminais são reduzidos.
VS TEM 10 GRUPOS
O primeiro grupo de Vizinhança Solidária foi criado em 2017. Como o número de integrantes, que hoje gira em torno de 700 pessoas, a tutoria foi dividida em setores. Hoje existem 10 grupos 2 no centro, 2 no Jardim Simões, Jardim Hípico, Vila Hípica, Nova Colina, Cohab 1, Patrimônio e Vila Cunha. A quantidade é considerada pequena já que a cidade possui cerca de 27 bairros.