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“A Polícia Civil tem sofrido com o déficit de efetivo, o que  acaba comprometendo as investigações”, diz delegado

O delegado Gustavo Lopes, que está à frente da Polícia Civil de Colina há mais de um ano e meio, esteve no “Conexão Tudo de Bom” da última sexta-feira, 26, abordando vários assuntos e um deles foi a falta de recursos humanos.

“Esse déficit inclusive é reconhecido pela Secretaria de Segurança Pública. Em termos globais gira em torno de 35%, mas aqui em Colina eu julgo que seja bem maior o que acarreta o comprometimento das investigações. Isso é fato, não dá para esconder que acontece. Acabamos dando prioridade aos casos mais graves, crimes que envolvem violência, os quais a apuração está acima de 60% a 70%”, destacou Dr. Gustavo.

TRABALHO INTEGRADO

“Apesar do número pequeno a equipe toda é bem coesa, trabalhamos bastante com respaldo do Ministério Público, Judiciário e da própria Polícia Militar. Como o efetivo é reduzido unimos forças, atuamos de maneira integrada com a PM para atingir os objetivos. Os resultados estão vindo com as condenações dos infratores que cometeram crimes. Temos um canal direto com a PM, as sedes das unidades são próximas e trocamos informações constantemente. Temos uma integração bem efetiva”. Ele também explicou que as polícias tem atribuições diferentes: “A PM é da prevenção criminal feita mediante patrulhamento ostensivo, rondas, etc. A Polícia Civil, considerada polícia judiciária, se incube da apuração das infrações penais. Após o cometimento do crime é feito o registro e inicia-se as investigações para chegarmos na autoria e também apontar a materialidade justamente para subsidiar o Ministério Público que, por sua vez, é titular da ação penal para fazer a denúncia e ter o processo judicial”.

O delegado explicou que Colina não tem perfil de cidade violenta e que os índices retratam isso. “No ano passado não houve homicídio consumado, apenas tentados. Temos bastante ocorrências de tráfico, mas por outro lado o combate é efetivo tanto da Polícia Militar e Polícia Civil.  Temos feito várias apreensões de entorpecente e prisões para tirar de circulação estes infratores”.

Depois do tráfico, os campeões de ocorrências na delegacia são os registros de violência doméstica com pedido de medida protetiva (ordem judicial que proíbe a aproximação e contato). “Colina não possui Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), especializada neste atendimento que é feito por nós. Este tipo de violência não é necessariamente do companheiro, pode também ser do filho, pai, tio, toda situação que envolve convívio familiar, não necessariamente no mesmo teto. A vítima tem que ir à delegacia, formalizar o pedido de medida protetiva que será encaminhado ao Judiciário. O descumprimento gera um crime e a pessoa já pode ser presa”.

O estelionato eletrônico após a pandemia cresceu bastante. “A maioria das pessoas adotaram o meio eletrônico devido a facilidade enorme e os golpistas se aproveitam disso para aplicar golpes. Na sequência vem os furtos e roubos, este último envolve violência e tem maior impacto na sociedade”.

ROTA CAIPIRA

Colina está na chamada “Rota Caipira” para o transporte de drogas. “Estamos às margens da rodovia que liga o norte e noroeste do interior paulista com a capital e outros estados, como Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. O entorpecente às vezes nem está destinado a Colina, mas acaba passando por aqui. A droga que vem de outros países, geralmente pelo Paraguai (maconha) e Bolívia/Colômbia (cocaína), passa pelo interior antes de abastecer os grandes centros”, pontuou

CADEIA NA SEDE DE SECCIONAL

“Colina é a única unidade que existe estrutura voltada para cadeia, que é de trânsito, os presos passam por audiência de custódia e são encaminhados para o Centro de Detenção Provisória (CDP), junto à Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), que é responsável pela custódia de presos. Para fins de segurança seria interessante que a cadeia fosse na sede de uma Seccional. Essa é uma opinião minha, embasada até mesmo em aspectos de segurança, já que nestes locais há mais efetivo, a PM possui mais equipes disponíveis e grupamentos reforçados. A escolha de Colina é por fins de logística, única unidade que tem uma cadeia apta a ser utilizada”, comentou Lopes.

“Hoje não tem nenhum preso da cidade na cadeia. Recebemos de fora, de outros municípios. Quando são liberados na audiência de custódia ficam na cidade esperando alguém vir buscar. Existe até um caso de um preso liberado que furtou uma bicicleta e foi recolhido novamente. A responsabilidade é da SAP, lavrado o auto de prisão em flagrante deveria ser encaminhado diretamente para o CDP”. Ele frisou: “As polícias utilizam o efetivo para atender a cadeia. Mais uma atribuição porque o efetivo é voltado para escolta, corpo de delito, atendimento médico do preso, ou seja, os investigadores são tirados das funções para fazer este trabalho. Não é interessante ter a cadeia no município”.

O delegado finalizou dizendo da importância da socialização da polícia e comunidade, que precisam uma da outra. “A segurança pública é um dever de todos, temos que trabalhar juntos para atingir os objetivos. A polícia está à frente, como órgão do Estado, para fazer valer da força do Estado contra aqueles que queiram seguir para outro caminho”, concluiu.

Dr. Gustavo Lopes, responsável pela Delegacia de Colina.