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Colinense, que trabalha no Hospital de Amor, publica pesquisa sobre a hereditariedade do câncer

O biomédico colinense Felipe de Oliveira Garcia, de 30 anos, desenvolveu e participou de pesquisa no Hospital de Amor em Barretos que investiga a síndrome de predisposição ao câncer hereditário, chamada “Câncer Colorretal Familial do Tipo X”, para identificação dos genes envolvidos no surgimento de tumores.

Ele iniciou a pesquisa em 2016, mesmo ano em que ingressou na área científica do hospital barretense e onde continua atuando. Os trabalhos foram conduzidos por um grupo interdisciplinar e Felipe foi orientado pela doutora Edenir Palmero, líder do projeto. Os dois escolheram estudar esta síndrome por ainda não ser tão conhecida.

Felipe não é pesquisador, mas por meio desta pesquisa obteve o título de Mestre em Ciências da Saúde. “No Brasil para ser pesquisador é preciso ser mestre e doutor”, disse Felipe que contou que a parte mais difícil do trabalho foi a análise dos dados da síndrome “tipo x”, que é chamada desta maneira justamente por ainda não ser muito clara.

PACIENTES PARTICIPARAM DE ESTUDOS

Ele explicou que o estudo foi realizado por meio do sequenciamento completo do exoma dos pacientes cujas famílias preenchiam os critérios de rastreamento de câncer hereditário, “Critérios de Amsterdam”. “Esse sequenciamento é uma técnica que permite ‘visualizar’ todas as regiões do DNA que codificam (ou produzem) as proteínas que fazem parte da manutenção das funções do nosso organismo (homeostase). O mau funcionamento de algumas dessas proteínas podem desencadear o processo de carcinogênese”, ressaltou Felipe que acrescentou: “Essas famílias então eram encaminhadas para o Centro de Oncogenética do Hospital de Amor para acompanhamento dos membros da família que ainda não desenvolveram nenhum tumor. Consequentemente os membros acometidos pelos tumores foram então selecionados para fazerem parte da pesquisa”.

Perguntado sobre a utilidade do estudo Felipe salientou que “se uma família tem um diagnóstico de uma síndrome de câncer hereditário, a identificação dos genes envolvidos nessa síndrome permite rastrear os portadores dela que ainda não desenvolveram nenhum tumor como, por exemplo, colorretal, mama e gástrico e tranquilizar os familiares que não portam a alteração que desencadearia a doença”.

A pesquisa estava em andamento quando Felipe ingressou no Hospital de Amor e a parte proposta pelo colinense já está concluída, mas num contexto mais amplo ainda há alguns procedimentos que podem ser feitos. “Essa não é uma pesquisa inédita, existem outros trabalhos publicados. Porém, mesmo com os achados da nossa pesquisa reforçamos que os trabalhos sobre essa síndrome ainda não cessem, pois mais informações são necessárias. Prover mais evidências científicas por meio de outros experimentos a fim de conferir ainda mais credibilidade aos achados”, destacou o biomédico de formação.

MAIS PESQUISAS

Esta é a primeira pesquisa que Felipe publicou como autor principal, mas já havia participado de pesquisa sobre câncer de mama hereditário. Ele também está envolvido com outros projetos que só poderão ser conhecidos quando os dados estiverem devidamente publicados.

“Participar e pesquisar uma síndrome pouco conhecida com um excelente grupo de pesquisa e sob a supervisão de uma orientadora brilhante foi uma experiência indescritível. Aprendi muito e tem sido uma honra contribuir com o avanço científico internacional”, concluiu Felipe que informou que o trabalho foi publicado na revista científica Scientific Reports do grupo Nature (htttps://www.nature.com/articles/s41598-022-06782-8). Ele, que é filho do casal Carlos Garcia/Raquel, mora em Colina com a esposa Giovanna.